Os partidos em Santarém: força, influência e projeção para 2026

Por Fábio Maia

A dinâmica partidária em Santarém, município estratégico no oeste paraense, é um elemento fundamental para compreender o comportamento eleitoral da região. Com um colégio eleitoral de mais de 230 mil eleitores, a cidade funciona como termômetro político para toda a área de influência. Embora o voto no Brasil seja cada vez mais personalizado, os partidos seguem sendo a engrenagem decisiva no o a recursos, tempo de TV e viabilidade eleitoral.

MDB

A Hegemonia construida pelo MDB consolidou-o como força dominante em Santarém, sustentado por um tripé de lideranças: Henderson Pinto (deputado federal), José Maria Tapajós (prefeito) e a conexão direta com o governador Helder Barbalho. Com 5 vereadores na atual legislatura e 35% dos votos para deputado federal em 2022, o partido construiu uma máquina política eficiente, com ramificações em bairros, comunidades rurais e entidades de classe.

No entanto, essa posição hegemônica traz desafios. Internamente, o MDB enfrenta disputas por espaço entre suas lideranças, enquanto a oposição critica a concentração de poder e influência sobre instituições locais. Para 2026, a estratégia do partido combina continuidade istrativa – usando obras e serviços como principal argumento eleitoral – com a incorporação cautelosa de novas lideranças, sem abrir mão do controle central.

PL

O Crescimento do Conservadorismo, vem através do Partido Liberal (PL), que emerge como principal força de oposição, capitalizando o discurso conservador que ganhou força nacionalmente. Com 20% dos votos para deputado federal em 2022, e dois vereadores, o PL construiu uma base sólida entre eleitores religiosos, pequenos empresários e setores que rejeitam o establishment político. Sua atuação se destaca em três frentes:

  1. Presença agressiva nas redes sociais e grupos de mensagens
  2. Alianças com lideranças evangélicas
  3. Discurso que combina pautas morais conservadoras com liberalismo econômico

O desafio para 2026 será transformar esse apoio difuso em votos concentrados, especialmente nas disputas proporcionais. A estratégia inclui nacionalizar o debate local, vinculando candidaturas às pautas do conservadorismo nacional.

PT

O PT luta pela busca de renovação. A sigla mantém sua base tradicional em sindicatos, movimentos sociais e universidades, mas enfrenta dificuldade para expandir seu alcance. Com 15% dos votos em 2022, e apenas uma cadeira na câmara legislativa municipal, o partido depende ainda de figuras históricas e carece de renovação geracional. A estratégia para o próximo ciclo inclui:

  • Associar-se às realizações do governo Lula
  • Fortalecer a Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV)
  • Conquistar novos públicos, como jovens da periferia e pequenos produtores rurais

O envelhecimento de seus quadros e a dificuldade em dialogar com o eleitorado fora de seu núcleo tradicional são obstáculos difíceis de ser superados.

PSD, União Brasil, PP e Republicanos

O campo intermediário composto por PSD, União Brasil, PP e Republicanos, ocupam espaço central no tabuleiro político santareno, somando cerca de 30% dos votos em 2022 e 10 vereadores eleitos em 2024. Cada um possui características distintas:

  • PSD: Posiciona-se como alternativa técnica e moderada, atraindo profissionais liberais
  • União Brasil: Busca consolidar identidade após fusão, com foco em modernização istrativa
  • Republicanos: Mantém forte ligação com igrejas evangélicas, especialmente a Universal
  • PP: O Partido Progressista mantém presença constante, embora discreta, na política santarena. Com 2 vereadores e base entre pequenos agricultores e área rural.

Sua capacidade de transitar entre diferentes campos os torna peças-chave na formação de alianças e maiorias legislativas.

PSDB-PODEMOS

A Fusão PSDB-PODEMOS cria uma nova aposta, pois a incorporação do PODEMOS pelo PSDB evidencia um novo ator no cenário regional, com potencial para alterar o equilíbrio de forças. Os benefícios imediatos incluem:

  1. Maior competitividade nas disputas proporcionais
  2. o ampliado a fundos eleitorais
  3. Aumento no tempo de propaganda
  4. Posicionamento como “terceira via” no espectro político

No entanto, desafios como a integração de culturas partidárias distintas e entre suas lideranças, além da definição de uma identidade clara, precisam ser superados para que a fusão alcance seu potencial.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

O cenário para 2026 apresenta desafios e oportunidades, pois o novo desenho partidário em Santarém apresenta um cenário dinâmico:

  • O MDB parte como favorito, mas enfrenta o desgaste natural do poder
  • O PL busca consolidar-se como principal força oposicionista
  • O PT aposta na recuperação vinculada ao governo federal
  • O PSDB fortalecido pode emergir como alternativa de centro
  • Partidos intermediários precisarão de alianças estratégicas

As mudanças nas regras eleitorais, especialmente o fim das coligações proporcionais, tornaram a estrutura partidária mais relevante do que nunca. Candidaturas que ignorarem essa dinâmica enfrentarão riscos significativos, independentemente de seu apelo pessoal.

CONCLUSÃO

Santarém apresenta um cenário político em transformação, onde partidos precisam equilibrar tradição e renovação. O MDB mantém vantagem, mas vê surgirem desafios à sua hegemonia. O PL cresce com o conservadorismo, enquanto o PT busca se reinventar. A fusão PSDB-PODEMOS adiciona um elemento de incógnita ao tabuleiro, enquanto os intermediários buscam a “melhor aliança”.

Neste novo contexto, onde as legendas deixaram de ser meras “etiquetas” para se tornarem atores decisivos, compreender a dinâmica partidária será essencial para qualquer análise eleitoral séria na região. O eleitor pode votar em pessoas, mas são os partidos que definem quem tem condições reais de vencer.

O Impacto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *